São Paulo é indiscutivelmente um importante pólo de eventos no Brasil. Mas, apesar dos números já expressivos apresentados pelo setor, Fernando Guinato, presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureau acredita que dá para crescer ainda mais. Conversamos com o executivo, que falou sobre o momento em que está a entidade, além de fazer um panorama sobre o mercado.

O São Paulo Convention & Visitors Bureau acaba de completar 40 anos. Qual o momento da entidade agora?

Pelo Convention passaram pessoas brilhantes e uma das que teve a história mais marcante foi o João Dória. Com um rigor enorme, ele incluiu uma filosofia de empreendedorismo no Convention que foi muito importante.

Ao contrário de uma série de outras entidades, o São Paulo Convention & Visitors Bureau não é uma associação e, sim, uma fundação. O Convention é uma organização não governamental, mas que responde ao Ministério Público. Ele agrega várias categorias, como hotéis, centro de eventos, bares, restaurantes e shopping centers. E todas essas atividades estão diretamente ligadas ao Turismo.

A principal função do Convention é trazer eventos e turistas para o destino São Paulo, então toda ação que fazemos é objetivando trazer mais turistas e eventos para a cidade de São Paulo e incrementar cada vez mais o segmento de Turismo.

O nosso segmento de Turismo hoje representa 10% do PIB de São Paulo e queremos aumentar esse percentual para chegar a 11% ou 12 %. É um número ambicioso, mas é uma meta atingível.

Por conta da pandemia, tivemos que passar por algumas reestruturações. Antes da pandemia, nossa estrutura era maior e estamos trabalhando para voltar a esse patamar. Mas, mesmo assim, estamos tendo resultados realmente muito positivos.

O São Paulo Convention & Visitors Bureau tem uma vantagem em relação a outras associações. Ele tem uma estrutura de gestão muito sólida, onde temos o presidente executivo, Toni Sando, que está há praticamente 20 anos no Convention e sabe liderar uma equipe como ninguém, se envolvendo nas principais ações que o Convention precisa participar. Um exemplo é a reforma tributária, na qual tivemos que ter também uma ação política para conseguir atingir os objetivos.

Temos uma aproximação muito grande com a Secretaria de Turismo do Município de São Paulo, assim como com a Secretaria de Turismo do Estado. Assim como o Convention participa de eventos promovidos por essa secretarias, elas também participam dos nossos eventos.

Agora em dezembro, estaremos promovendo nosso terceiro fórum de debates, uma reunião importante onde os temas abordados se referem ao dia a dia dos nossos negócios, além de discutirmos estrategicamente ações que devemos tomar para conseguir atingir os objetivos. O objetivo final da convenção é fomentar o destino São Paulo. E se unirmos forças com as secretarias, atingir os objetivos fica mais fácil.

Também temos um relacionamento com o ministro do Turismo e com o presidente da Embratur, Marcelo Freixo. Temos feito muitas ações no exterior para divulgar o destino São Paulo em conjunto com a Embratur, estamos presentes nas principais feiras fora do Brasil, sempre com o objetivo de trazer turistas e empresas para o nosso destino.

Você mencionou aumentar a participação do Turismo no PIB em São Paulo. O que tem sido feito para alcançar esse objetivo?

É um trabalho a longo prazo. Às vezes, precisamos começar a trabalhar agora em um congresso que vai acontecer daqui a três, quatro anos. Geralmente, grandes eventos são planejados e o destino escolhido com cerca de três ou quatro anos de antecedência.

Temos profissionais dentro do Convention que são focados em captar grandes eventos e eles têm uma penetração muito forte em entidades. Então, podemos crescer através do relacionamento, estamos muito perto das pessoas.

São Paulo é tida como uma cidade de turismo de negócios e o que movimenta São Paulo são as feiras, congressos e grandes eventos. Mas, de uns tempos para cá, esse perfil tem mudado. Hoje, São Paulo é um polo de atrações musicais e artísticas muito forte. Por exemplo, em 2023, o mês que teve a maior ocupação hoteleira na cidade foi março. Nesse período, tivemos o Coldplay se apresentando no Morumbi e o Lollapalooza.

E sem contar que também nós temos outros eventos no ano, como a Fórmula 1, na qual a ocupação foi próxima a 100% na região da Avenida Paulista e na Zona Sul.

O Carnaval não traz tantos hóspedes de fora, mas, mesmo assim, existe alguma demanda na região do baixo Augusta, Consolação, na Avenida Paulista, ou seja, nos locais onde estão os principais blocos carnavalescos. Além disso, há um impacto muito grande nos restaurantes, bares e shopping centers.

A Parada LGBT também movimenta muito, por pelo menos quatro dias no fim de semana em que ela acontece. As pessoas vêm para cá sabendo que irão encontrar um polo gastronômico excepcional e um polo cultural muito legal com museus e outras atividades.

Qual o balanço que você faz deste ano?

Tivemos em São Paulo a primeira edição do The Town, que foi superior ao Lollapalooza. O The Town tem como característica ser realizado em anos intercalados com o Rock in Rio.
Tivemos como privilégio ter Roberto Medina e sua equipe hospedados aqui no Sheraton WTC e eles saíram muito entusiasmados, pois bateram todas as metas que tinham para ser atingidas, tanto em número de participantes como no aspecto artístico.

Eu tive a oportunidade de fazer duas visitas técnicas com o Medina: uma quando ainda estava começando a montagem e outra quando estavam faltando três dias para iniciar o festival, que foi realizado no Autódromo de Interlagos. Eles transformaram o autódromo em algo muito legal. São Paulo ganhou muito com isso.

Também tivemos outros grandes eventos, como os shows da cantora Taylor Swift, que foi realizado no Allianz Parque e teve os ingressos esgotados. O meu time deveria jogar no Allianz Parque, mas de agora até o final do ano, ele está ocupado com eventos.

O Convention tem muito trabalho para fazer, sim. Porque existe a captação desses eventos e, muitas vezes, captar o evento acaba sendo uma consequência da divulgação do destino.
Mas tenho sorte, tenho uma equipe muito competente.

Realizamos, neste ano, um hackathon. Foram 72 horas na qual os participantes tiveram que criar soluções para o que pode ser feito para melhorar os centros de atendimento ao turista que existem na cidade de São Paulo. Os participantes perceberam que existe uma ociosidade muito grande nesses centros. As vencedoras foram duas estrangeiras.

Voltando um pouquinho atrás, nós tivemos até 2019 um ritmo muito bom em termos de atividades. Mas, na pandemia, os eventos presenciais foram proibidos de serem realizados. Tivemos que utilizar alternativas como as lives, montamos estúdios para isso. Depois, tivemos a fase dos eventos híbridos, ou seja, uma parte presencial e outra através de transmissão remota, o que também gerou muito pouca hospedagem. Então, o segmento sofreu demais.

Quando houve a retomada no final de 2021, ela veio com muita velocidade. Principalmente, porque havia um represamento de eventos que deveriam ter acontecido antes. Com isso, tivemos um boom enorme, tornando 2022 um ano muito bom.

Em 2023, os números foram ainda maiores que os de 2022 e não temos mais o represamento de eventos por causa da pandemia. Sentimos que em 2024 iremos superar este ano e iremos continuar crescendo. As pessoas querem fazer networking, querem se encontrar.