Em uma recente conferência promovida pelo WTTC, Julia Simpson, presidente e CEO do do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), delineou os desafios e objetivos urgentes para o setor hoteleiro global. A executiva destacou os esforços para promover a sustentabilidade e abordar questões fundamentais enfrentadas pela indústria do Turismo.

Julia enfatizou a importância de um turismo sustentável, destacando os esforços contínuos para garantir a implementação de práticas sustentáveis na indústria hoteleira. Ela ressalta o papel fundamental desempenhado pelo WTTC em parceria com grandes marcas hoteleiras globais na promoção de critérios de sustentabilidade.

A CEO do WTTC também destaca que o programa de sustentabilidade não é uma imposição, mas sim uma iniciativa que emergiu da indústria em conjunto com a representação do WTTC. Esse programa busca impulsionar a adoção de 12 critérios fundamentais de sustentabilidade, divididos em três pilares: eficiência, planeta e pessoas.

No que diz respeito à eficiência, os critérios incluem a redução do consumo de energia, água e emissões de carbono, além da identificação e redução de resíduos produzidos pelos hotéis. No pilar do planeta, recomendações foram feitas para a reutilização de roupas de cama, utilização de produtos de limpeza ecológicos e a eliminação do plástico nos menus dos hotéis. Por fim, no pilar das pessoas, destaca-se a importância de os hotéis se envolverem e beneficiarem suas comunidades locais.

Julia salientou a conquista de 1,3 mil hotéis globalmente verificados sob esse sistema de sustentabilidade, com 30 países aderindo ao programa. Ela enfatizou que a meta para 2024 é dobrar ou até triplicar esse número, destacando os passos significativos dados até o momento.

A implementação desses critérios de sustentabilidade, segundo Julia, visa não apenas impulsionar a conscientização ambiental, mas também garantir a viabilidade dos negócios hoteleiros a longo prazo. Ela reforçou a importância de apoiar os hotéis, independentemente de seu porte ou estágio de desenvolvimento, para trilharem o caminho da sustentabilidade, tornando-se pioneiros nessa jornada.

Julia explanou sobre o sistema de verificação científica utilizado, destacando a contribuição de empresas reconhecidas globalmente, como o SGS e o Green Key, responsáveis pelas verificações remotas. Ela observou que os custos, em torno de US$ 99 para hotéis menores, podem variar de acordo com a região, mas salientou os benefícios oferecidos, incluindo a disponibilidade do sistema em vários idiomas.

Quanto ao apoio financeiro para hotéis menores, ela reconheceu os desafios enfrentados por países como a Argentina, devido à depreciação da moeda local. Para contornar essa questão, mencionou parcerias com governos e financiamentos diretos visando subsidiar ou até mesmo cobrir os custos para que esses estabelecimentos possam adotar práticas sustentáveis.

Outro tema abordado foi a bioconstrução nos hotéis, uma abordagem ecológica que utiliza materiais naturais e locais na construção. Simpson citou exemplos como o uso de barro e materiais disponíveis na região para reduzir a pegada ambiental na construção de hospedagens. Ela destacou o compromisso de algumas redes hoteleiras, como a Iberostar, que adotaram essa prática em empreendimentos específicos.

A executiva ainda respondeu a questões sobre a ampliação da verificação de hotéis para 2024, prevendo um crescimento significativo, a necessidade de simplificação dos processos de visto para atrair mais turistas, especialmente da China, e a continuidade do setor turístico latino-americano.

Julia abordou, ainda, as preocupações dos CEOs do setor turístico, destacando que, além da sustentabilidade, questões como a simplificação dos processos de vistos para turistas, a ampliação da conectividade aérea global e o uso de energias renováveis são prioridades. Ela ressaltou a necessidade de evoluir para um modelo mais sustentável no transporte, particularmente na aviação, e enfatizou a urgência em investir na produção de biocombustíveis sustentáveis para aviação, visando reduzir as emissões.

A presidente do WTTC também abordou o impacto econômico do setor turístico na América Latina, destacando o potencial de crescimento do turismo na região. Apesar das dificuldades enfrentadas pela pandemia, ela enfatizou que Chile, Argentina e Brasil têm mantido uma sólida contribuição para seus PIBs nacionais através do Turismo. Além disso, salientou a importância do turismo como um impulsionador do emprego, especialmente para grupos historicamente marginalizados.

Ao mencionar a importância do turismo sustentável, Julia enfatizou a necessidade de harmonizar o crescimento econômico com a preservação ambiental e o respeito às comunidades locais. Ela enfatizou que os esforços para adotar práticas sustentáveis não apenas beneficiam o meio ambiente, mas também criam oportunidades econômicas e sociais para as comunidades.

A interação entre os setores público e privado também foi enfatizada por Simpson, destacando a colaboração contínua entre o WTTC e organizações governamentais para alcançar um equilíbrio entre o crescimento econômico e a preservação ambiental.

Julia expressou otimismo quanto ao futuro do setor turístico, destacando a importância de uma abordagem colaborativa e proativa para garantir um crescimento sustentável e equitativo. Ela encorajou uma reflexão sobre o papel de cada indivíduo e organização na promoção de um turismo mais consciente e responsável.