O setor de viagens corporativas iniciou 2025 em ritmo de estabilidade com crescimento financeiro expressivo. Segundo o Levantamento das Viagens Corporativas, fevereiro somou R$ 11,6 bilhões em movimentação — alta de 7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Apesar do avanço nos valores, o número de viagens não cresceu na mesma proporção, reflexo direto do aumento do tíquete médio, que pressiona os orçamentos sem indicar ampliação no volume físico de deslocamentos.
Para Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev, os dados reforçam a importância de manter o ritmo de ações estratégicas. “A inflação e a oscilação do câmbio afetam diretamente os custos, mas não há uma retração generalizada. Os eventos continuam sendo uma ferramenta fundamental de conexão de marca, geração de leads e identificação com o público. Isso se mantém como tendência para 2025”, analisa.
As previsões da associação apontam para a continuidade da demanda, mesmo com possíveis impactos decorrentes da exigência de vistos para turistas de países como Estados Unidos, Canadá e Austrália. “Burocracia sempre afeta conversão. Isso pode postergar viagens para o segundo semestre ou para 2026. E é preciso reconhecer que essas exigências colidem com a estratégia da Embratur de atrair eventos e negócios para o Brasil”, alerta.
A diretora também chama atenção para a falta de dados concretos sobre o impacto da reimposição de vistos — o que compromete o planejamento estratégico. “Estamos correndo em direções diferentes: de um lado, há esforços para atrair capital estrangeiro e grandes eventos como a COP30; de outro, medidas que criam barreiras para isso acontecer”, pontua.
Com o foco em soluções e inovação, a Alagev implementou novas metodologias de trabalho em suas reuniões globais e setoriais, criando uma trilha contínua de aprendizado. O tema da escalada ao Everest simboliza a jornada complexa de resolver os desafios do setor, e métodos como Design Thinking, Lean, Scrum e Six Sigma estão sendo aplicados de forma prática e colaborativa. “Criamos um ambiente onde os associados aprendem metodologias dentro das reuniões, de forma lúdica e aplicável, com o objetivo de gerar três soluções concretas até o fim do ano”, afirma Luana.
Paralelamente, a Alagev reformulou totalmente seu site, priorizando usabilidade (UX), integração de plataformas e autonomia de gestão. A nova arquitetura digital centraliza conteúdos, conectando ferramentas como o blog, área do associado, aplicativo do Lacte e a assistente de IA “Deia”, agora equipada para apoiar tanto viagens quanto eventos. “O novo site é mais fluido, dinâmico e interativo. Ele nos permite capturar dados e engajar melhor o associado com conteúdos mais acessíveis e organizados”, explica.
Outro projeto em destaque é o Programa de Embaixadores, que teve sua segunda edição estendida até setembro e já prepara o lançamento de um novo ciclo. A iniciativa visa ampliar a visibilidade das ações da Alagev com o apoio de profissionais que atuam como porta-vozes espontâneos da associação, contribuindo para o fortalecimento do networking e da imagem institucional.
A associação também trabalha em negociações para ampliar a delegação brasileira no GBTA, com meta de dobrar o número de participantes em relação ao ano anterior. A alta do dólar, no entanto, é um entrave. “O valor da inscrição subiu 300 dólares para fornecedores, o que inibe a adesão, especialmente em um mercado sensível como o de viagens corporativas”, pontua Luana.
O planejamento do Lacte 21 também já está em curso, com reuniões de cocriação envolvendo comunidade, patrocinadores e conselhos, refletindo o desejo da associação de entregar um evento ainda mais conectado às demandas reais do setor. O novo modelo de comercialização de cotas, previsto para julho, deverá adotar um formato inspirado em classes aéreas (First, Business, Premium Economy e Economy), priorizando quem manifestar intenção antecipada.
Para além das ações internas, a Alagev reforça sua atuação estratégica em grandes eventos internacionais como IMEX Frankfurt, monitorando tendências e buscando reposicionar o Brasil entre os destinos mais atrativos para compradores globais. “O Brasil ficou fora do top 10 de interesse nas principais feiras. Precisamos atuar com dados, posicionamento e inteligência para mudar esse cenário”, finaliza Luana.
