Cada um real investido no setor de cruzeiros movimentou R$ 3,23 na economia nacional. É o que mostra o Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil – Temporada 21/22, produzido em parceria entre a Clia Brasil e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A pesquisa traz dados inéditos do setor no Brasil e no mundo, além de traçar a interferência do cenário da economia nacional, internacional e da pandemia da Covid-19 no segmento e no comportamento do turista.

Após o aumento na quantidade de navios na temporada brasileira de cabotagem de 2019/2020, passando para oito embarcações, a temporada 2021/2022, marcada pelo retorno das atividades, trouxe apenas cinco navios, que fizeram roteiros por 14 destinos brasileiros. Foram ofertados 193.927 leitos (75% da capacidade oficial dos navios, de acordo com os protocolos sanitários do período).

Os dados acima refletem o cenário desafiador vivenciado pelo setor de cruzeiros na última temporada e dão sentido ao conteúdo apresentado no estudo, como a expressiva queda do número de viajantes quando comparada ao período anterior (2019/2020), totalizando 141.289 cruzeiristas (69,9% a menos).

No Brasil, a temporada 2021/2022 de Cruzeiros Marítimos (de outubro de 2021 a abril de 2022) foi responsável por um impacto de R$ 1,496 bilhão na economia do país. Esse número, que engloba tanto os gastos diretos, indiretos e induzidos das companhias marítimas, quanto os gastos de cruzeiristas e tripulantes, foi 33,2% menor em comparação ao período de 2019/2020. Além disso, o setor gerou R$ 213 milhões em tributos.

O impacto econômico gerado pelos gastos das armadoras para a realização da temporada 2021/2022 foi de, aproximadamente, R$ 1,2 bilhão, resultado 3,1% superior a 2019/2020, aumento que se deu pela alta considerável dos gastos das armadoras com combustíveis. Já o impacto gerado pelos gastos dos cruzeiristas e tripulantes nas cidades e portos de embarque/desembarque e trânsito foi de R$ 329,7 milhões, 70,3% inferior à temporada anterior, devido à redução de 69,9% no número total de cruzeiristas no período.

Setores mais beneficiados com gastos dos cruzeiristas

Os setores mais beneficiados com os gastos dos cruzeiristas e tripulantes (sem contar as armadoras) foram: alimentos e bebidas (R$ 101,5 milhões), comércio varejista – despesa com compras e presentes – (R$ 95,4 milhões), seguido por transporte antes e/ou após a viagem (R$ 56,3 milhões), passeios turísticos (R$ 39,8 milhões), transporte durante a viagem (R$ 22,4 milhões) e hospedagem antes ou após a viagem de cruzeiro (R$ 14,3 milhões).

O levantamento ainda mostra que o gasto médio por pessoa com a compra da viagem de cruzeiro foi de R$ 4.523,84 e o tempo médio da viagem foi de quatro/oito dias. Além disso, o estudo indica que a média de impacto econômico gerada por cada cruzeirista nas cidades de escala foi de R$ 605,90 e de R$ 770,97, nas cidades de embarque e desembarque.

Empregos

Durante a temporada 2021/2022 foram gerados 22.235 postos de trabalho na economia brasileira, o que representa um resultado 33,8% inferior ao apurado no período anterior. Do total de empregos criados, 1.223 foram de tripulantes dos navios (44,1% inferior ao gerado em 2019/2020) e outros 21.112 empregos diversos, de forma direta, indireta e induzida (-33,1%), motivados pelos gastos das armadoras e dos cruzeiristas e tripulantes nas cidades portuárias de embarque/desembarque e visitadas, além dos gerados na cadeia produtiva de apoio ao setor, como agências de viagens e operadoras de turismo.

Perfil do viajante

Quase 92% dos pesquisados desejam realizar uma nova viagem de cruzeiro, e 87% querem retornar ao destino de escala, índice que reforça o papel da viagem de cruzeiro como uma vitrine para os viajantes conhecerem diversos destinos de maneira dinâmica e voltarem em um outro momento. Além disso, a ampla maioria dos entrevistados (78%) desceu em, pelo menos, uma parada do roteiro.

Quanto à frequência, 66,1% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto os 33,9% restantes já haviam viajado de cruzeiro, em média, aproximadamente quatro vezes, o que demonstra que os cruzeiros estão sempre levando novos turistas aos destinos dos roteiros.

Quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 66,2% informaram o Litoral Nordeste, e entre os que apontaram interesse em realizar cruzeiros no exterior, 41,8% indicaram o Caribe e 36,8% a Europa como preferência de viagem.

60,8% são mulheres e 39,2%, homens. Em relação ao estado civil, 61,4% informaram ser casados ou estar em união estável. De maneira geral, os cruzeiristas viajam acompanhados (98,9%), sendo os principais acompanhantes filhos e parentes (51,9%), cônjuge (24,7%), e amigos (19,5%).

Brasileiros pelo Mundo

O número de turistas residentes no Brasil e que realizaram viagens de cruzeiros no exterior durante o ano de 2021 foi de 72 mil, o que significou uma redução de 66,9% em relação a 2019, com uma receita estimada de R$ 233 milhões (R$ 471 milhões a menos que em 2019).

Caribe, Mediterrâneo e Emirados Árabes Unidos foram os principais destinos de preferência.

Setor de Cruzeiros no Mundo

No mundo, o setor mostra a tendência de crescimento contínuo através dos investimentos em novos navios, com aumento da quantidade e diversificação dos cruzeiros. Em 2022, o setor tem previsão de entrada de 26 novos navios em operação em todo o mundo, com capacidade adicional total de 61.507 leitos. Para 2023, mais 22 novos navios já estão previstos em estaleiros, com capacidade adicional de 43.289 pessoas (Cruise Industry News).

Segundo a Associação Internacional de Cruzeiros (CLIA) o número total de cruzeiristas pelo mundo foi de 5,8 milhões, em 2020.

“O segmento de cruzeiros foi fortemente impactado pela crise sanitária, mas, apesar dos desafios encontrados, o setor mostrou resiliência e alta capacidade de retomada, sempre com responsabilidade e muito trabalho focado nas pessoas, no meio ambiente, no compliance e nas cidades visitadas pelos navios”, disse Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil.

“Hoje, vemos oportunidades de expansão do setor no Brasil, à medida que a atividade cresce no mundo, com novos navios em construção, investimentos em eficiência, tecnologia e sustentabilidade. Estamos trabalhando continuamente para que a indústria brasileira de cruzeiros siga evoluindo e possa contribuir ainda mais para a economia e geração de empregos no país”, completou Ferraz.


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