Com a participação especial de Ebomi Cici de Oxalá e a apresentação musical de Márcia Short, o Festival Salvador Capital abriu suas portas ao público nesta quarta-feira (22) e vai até sábado (25). O evento, realizado no Quarteirão das Artes, reuniu diversas autoridades e personalidades para discutir cultura, economia criativa e afroturismo em Salvador – que realizou uma presstrip recentemente.

Egbomi Cici de Oxalá, também conhecida como Vovó Cici, é contadora de histórias afro-brasileiras. Com seus conhecimentos e ancestralidade, ela destacou a importância de participar desse evento que evidencia as raízes negras da Bahia. “Muitas pessoas aqui fazem parte das nossas origens, a origem africana da Bahia, e trazemos nossa história por meio do canto, da dança e da cultura, porque nossa história vem da dança”, afirmou Egbomi.

Bruno Reis, prefeito de Salvador, participou da mesa de abertura e ressaltou os avanços na pauta racial que a Prefeitura vem promovendo, destacando a importância do Movimento Salvador Capital Afro nesse processo e indicando como o festival reforça isso, potencializando negócios.

“O Festival Salvador Capital Afro tem foco em negócios e oportunidades. Potencializar as qualidades que o povo negro tem. O evento visa estimular a reparação por meio da geração de renda e oportunidades. Tem painéis e qualificações para que a comunidade negra amplie seus conhecimentos e se profissionalize. Vamos investir 100% na população negra, são 87 milhões de dólares”, destacou o prefeito.

Seguindo a mesma linha, Ivete Sacramento, secretária Municipal da Reparação, celebrou a ampliação do foco na pauta do combate à discriminação racial e das políticas de promoção da igualdade na sociedade. “Ampliamos o Salvador Capital Afro para o Novembro Negro. Estamos colocando o povo negro no centro de todas as ações que acontecem aqui em Salvador. Era extremamente importante que esses 82% de pessoas negras que vivem em Salvador começassem a ser inseridos nos negócios da cidade”, destacou.

Pedro Tourinho, gestor da pauta cultural no município, enfatizou o quanto a cidade e o turismo prosperam com a valorização das contribuições e investimentos na sociedade negra. Para o secretário, é essencial que esse enfoque continue visibilizando os produtos e agentes culturais, fortalecendo o afroturismo.

“O turismo é a maior fonte de receita de nossa cidade. Se conseguirmos desenvolver o turismo permitindo que a população negra tenha acesso a esses benefícios, podemos criar uma cidade mais justa. Estamos falando em gerar emprego, renda e prosperidade para a população negra. Este projeto não é apenas marketing ou favor, é uma reparação histórica”, destacou Tourinho.

Programação

O primeiro dia do evento foi marcado pela realização de dois painéis no Espaço Cultural da Barroquinha sobre Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Combate ao Racismo. O painel contou com a participação de Abena Busia, embaixadora de Gana no Brasil; Helena Oliveira, chefe do Escritório da UNICEF na Bahia; James Colimon, diretor adjunto dos Assuntos Globais e Protocolo da Prefeitura de Boston; e Paula Moreno, fundadora e presidente da Fundação Manos Visibles. A mediação ficou a cargo de Fernanda Lordelo, secretária Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude.

No período da tarde, ocorreu o painel “Salvador, Cidade de Conexão da Diáspora”, com a participação de Paula Moreno, Abiola Akandé (arquiteto e pesquisador da cultura e história africana), Vilson Caetano (professor da UFBA e Babalorixá da Casa do Rei) e a mediação de Cíntia Guedes, pesquisadora e professora da UFBA.

Durante o festival, os artistas soteropolitanos têm a oportunidade de divulgar seus projetos na Rodada de Negócios. No primeiro dia, a rodada foi direcionada aos profissionais da música, em uma colaboração entre o Festival Salvador Capital Afro e a empresa Nova Estação, representada pelo articulador Ziati Comazi. Um tour gratuito pelo centro da cidade, o Rolê Afro guiado por Niyi Tokundo, relemorou a Rota dos Malês, no dia da eclosão da batalha inicial da revolta.

Na sede do Boca de Brasa, aconteceram as oficinas para artistas visuais, como “Gestão Cultural Orgânica” conduzida pela gestora cultural Juci Reis. Ela mora há 16 anos no México e veio a Salvador diretamente para compartilhar no festival seu conhecimento com empreendedores e talentos negros que buscam potencializar seus negócios. “Minha contribuição aqui é oferecer a possibilidade de desenvolver a capacidade de muitas pessoas que buscam melhorar suas vidas e ampliar a capacidade de construir projetos na área da cultura e arte”, comentou Juci.