São Paulo/SP – Para dar início à programação da tarde da Abav MeetingSP, Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil, deu um overview sobre o cenário do segmento de cruzeiros. O profissional aproveitou o momento para destacar os números da atual temporada, que conta com nove navios, dura 195 dias, atende 17 destinos e 873 mil leitos. 

“Esta é uma palestra para atualizar quem já atua com o mercado de cruzeiros e estimular quem não trabalha ainda com este segmento. A Clia é internacional, com 15 escritórios em todo o mundo e o Brasil conta com uma sede. São 53 armadoras, ou seja, 90% das companhias. Temos uma representatividade grande, com 300 associados executivos, 15 mil agências e 75 mil agentes de viagens. Ainda não temos um site brasileiro, mas estamos trabalhando para ter no ano que vem”, conta Ferraz. 

Ferraz apresentou alguns dos produtos disponíveis no mercado e destacou algumas das tendências do segmento, com base no estudo da Oxford Economics. Confira o que foi ressaltado:

  • navio de luxo: são 78 embarcações no mundo para até 500 passageiros, com um tripulantes para cada passageiro. As diárias giram em torno de US$ 1 mil. Este passageiro quer o navio exclusivo, com melhores comidas e bebidas e serviços distintos. 
  • navios premium: são 61 navios no mundo – que representam 21,8% da demanda mundial – com roteiros de 7 a 21 noites
  • navios de expedição: um dos nichos que mais crescem. São 35 embarcações quebradoras de gelo e com roteiros no meio do Ártico e Amazonas, por exemplo. É visto pelo luxo como oportunidade de mesclagem.
  • fluviais: crescendo exponencialmente, mas ainda não tão forte no Brasil. Embarcações menores e baixas, que navegam destinos históricos, muito populares na Europa. 
  • navios contemporâneos: respondendo por 69,2% da oferta, são os navios mais democráticos.

Ferraz afirma que o Brasil ainda conta com muito potencial para crescimento e apresentou que a América do Sul responde a 2,1% da movimentação do segmento no mundo, atrás do Alasca (que responde a 5,7%) e da Austrália (com 2,4%). 

O presidente da Clia também falou sobre o impacto do segmento no mundo, sobretudo no pós-pandemia, e falou que a atual temporada deve superar os números de 2019, com a expectativa de crescimento de 5% ao ano. 

“É o segmento que mais cresce. São 644 mil leitos duplos, com novos navios. Além disso, serão 121 mil leitos até 2028 e 4 milhões de cruzeiristas a mais em 2025. Dos novos navios, serão 66 embarcações, sendo 44 pertencentes à Clia e incluindo 14 navios grandes, mas a maioria são médias e pequenas embarcações”, detalha. 

O executivo se orgulha dos números apresentados já no ano passado na temporada brasileira, quando registrou 802.758 passageiros. “Só tínhamos passado de 800 mil cruzeiristas na temporada 2010/11, mas vale destacar que, nesta temporada, temos nove navios, frente aos 20 que chegaram em 2010/11. Batemos números anteriores, com previsão de movimentar R$ 5,06 bilhões e gerar 80 mil empregos diretos e indiretos”, relembra. 

O profissional também falou sobre o impacto que o segmento gera para os destinos. Segundo ele, são, em média, R$ 639,37 de injeção econômica no destino por pessoa. No porto de embarque, este número chega a uma média de R$ 813,56. “Outros dados demonstram que o tíquete médio é de R$ 5.073,51 e o tempo médio de permanência é de 4,9 dias”, conta. 

Sobre comissionamento, o executivo fala sobre os R$ 139,7 milhões em comissionamento, número este que poderia ser maior como em outros mercados em que o segmento possui fluxo maior. “Foram 75,3 mil brasileiros que realizaram cruzeiros fora do Brasil e, lá, foram cerca de R$ 200 milhões em comissionamento”, chama a atenção. 

Os nove navios a fazerem parte desta temporada são:

  • Costa Diadema
  • Costa Favolosa
  • Costa Fascinosa
  • MSC Seaview
  • MSC Grandiosa
  • MSC Grandiosa
  • MSC Lírica
  • MSC Armonia
  • MSC Musica
  • MSC Preziosa

Clia: Perfil dos cruzeiristas

De acordo com um estudo realizado com 500 entrevistados, 92% dos turistas afirmam que viajariam novamente de cruzeiro e, segundo Ferraz, é neste momento que os agentes de viagens podem garantir clientes fidelizados. Os números ainda mostram que os cruzeiristas brasileiros fazem 37,6% dos seus roteiros na costa brasileira, 33,2% em águas internacionais e 29,2% não têm uma escolha definida. O estudo mostra ainda que 57,7% viajam pela primeira vez e 75,2% descem nas escalas pelo menos uma vez. 

Confira demais dados:

GÊNERO

  • 61,9% do público é formado por mulheres
  • 38,1% do público é formado por homens

ESTADO CIVIL

  • 61% são casados
  • 29,8% de solteiros
  • 6,6% de divorciados
  • 2,6% de viúvos

FAIXA ETÁRIA

  • 22,6%: de 35 a 44 anos
  • 22,3%: de 45 a 54 anos
  • 21,9%: de 23 a 34 anos
  • 17,7%: de 55 a 64
  • 17,7%: de 55 a 64
  • 9,3%: de 18 – 24
  • 6,3%: acima de 65

DESTINOS

  • 60,4%: São Paulo
  • 17%: Rio de Janeiro
  • 5,9%: Minas Gerais
  • 5,2%: Pará
  • 1,5%: outros

ACOMPANHANTES:

  • 47,9% com parentes e familiares
  • 28,3% com cônjuge
  • 19,5% com amigos
  • 3,1% em grupo
  • 1,2% viajam só

Diferenciais do segmento

O presidente da Clia também falou sobre a oportunidade de promover, durante o cruzeiro, eventos corporativos e sociais, incluindo casamentos, aniversários, bodas, convenções, fretamentos e cruzeiros temáticos. “O serviço está à disposição. Basta oferecer, pois os clientes precisam saber o que ele pode fazer e como ele pode aproveitar tudo o que os cruzeiros têm a oferecer”, comenta. 

Outro ponto destacado pelo executivo é a sustentabilidade, um dos temas mais trabalhados nos últimos anos pelas empresas. No entanto, Ferraz chama atenção para o fato de o Brasil ainda não contar com estrutura para receber essas embarcações, mas que há tratativas para que este cenário mude. 

Dentre as regulamentações trabalhadas pela Clia estão:

  • Imposto de Renda
  • Lei Geral do Turismo
  • Vistos
  • Acordos bilaterais
  • Aeroporto SDU
  • Antaq
  • Marinha
  • Ibama
  • ICMBio
  • Ana
  • Anvisa
  • Receita Federal
  • Polícia Federal