por Ricardo Hida
O filósofo Zygmunt Bauman certa vez sentenciou: vivemos afogados em informações, mas sedentos de sabedoria. Eu me arrisco em complementar que vivemos atolados em informações ruins, desnecessárias e chatas.
Na era da atenção, em que todos querem ser notados, mesmo sem ter algo relevante a dizer ou qualquer talento notável, há uma poluição de dados, imagens e mensagens que contribuem, e muito, na perda de tempo e na ansiedade epidêmica generalizada vivida pelos nossos contemporâneos.
Dispomos de tecnologias impressionantes em nossos telefones. A IA, em poucos segundos, cria slogans, roteiros , imagens e até filmes publicitários. Em poucos instantes marcas podem falar com milhões de consumidores com imagens e filmes, feitos por um profissional deitado no sofá, causando inveja nos maiores publicitários do século passado.
Mas ainda assim, nos dias que vivemos, marcas se comunicam mal. Muito mal. No passado, jingles grudavam como chiclete em nossas cabeças. Garotos propaganda, como o da Bombril e das Casas Bahia, eram celebridades.
Hoje, ninguém se lembra de qualquer anúncio. Não apenas pela imensa quantidade de logos e mensagens pelas quais somos bombardeados, mas porque na era da experiência e emoção não há encanto nas narrativas. A palavra tornou-se vazia, embora nunca tenha havido tantos cursos e livros sobre storytelling.
Mas ninguém quer contar estórias. No Turismo, sobretudo nos destinos e na hotelaria, onde a matéria prima é abundante, sofro ao propor comunicação significativa e relevante para marcas hoteleiras. Ninguém se arrisca e, portanto, ninguém se sobressai. Com raras exceções, o marketing atual é insosso, inodoro e incolor. Ao contrário da água, se mostra desnecessário.
A tecnologia virou fim em si, não mais uma plataforma para expressão de criatividade, afetividade e identidade.Fico surpreso com a falta de percepção de realidade dos marketeiros. Não compreenderam que ninguém se importa com suas redes sociais, os eventos institucionais que organizam e as newsletters que disparam.
Tudo tornou-se preço! Nem mesmo os influenciadores digitais influenciam como se pensa.
Sigo apostando em um novo modelo de newsletter e em podcasts, mas sobretudo em novas ferramentas. Com muito mais borogodó, chamego e alma.
Se propaganda é a alma do negócio, hoje os negócios estão desalmados.