A Turquia está depositando a maior parte de sua confiança econômica em um segmento: o turismo. Colocado como principal e melhor caminho para restabelecer a economia do país, a atividade turística está próxima de retornar a níveis pré-pandemia em 2022.

O ministro das Finanças, Nureddin Nebati, previu na semana passada a receita de US$ 34,5 bilhões para o turismo em 2022. O número fica acima dos US$ 24,5 bilhões de 2021 e igual o valor de 2019.

Um dos motivos para a popularidade do momento, segundo profissionais do turismo no destino, está no câmbio da moeda turca. Com as recentes desvalorização, a atratividade das viagens à Turquia aumentou mais do que nunca.

Outro fator que anima os players do país é o início da alta temporada, em maio. Neste período, os holofotes devem se voltar ao Mediterrâneo turco e o mar do Egeu, além de outros percursos históricos.

“As primeiras reservas de 2022 começaram em ritmo acelerado. Temos bons números agendamentos, especialmente de turistas britânicos. Os números estão próximos aos registros de 2019”, afirma Bulent Bulbuloglu, vice-presidente da Federação Turca de Hoteleiros.

Entre outros mercados emissores importantes, o destino também aguarda reaquecimento em mais países europeus, além de Rússia e Ásia Central. No entanto, a situação com a Ucrânia pode prejudicar a relação e alcance com o turista russo.

Pés no chão

Apesar do otimismo citado para a alta temporada, o turismo da Turquia continuará a conviver, bem como outros destinos pelo mundo, com o alto custo operacional.

O custo de serviços públicos, alimentação e salários devem, na visão de especialistas turcos do setor, limitar lucros e benefícios do cenário macroeconômico.

De acordo com Oya Narin, chefe da Associação Turca de Investidores de Turismo, a diária média da hotelaria no país, em comparação à Espanha, por exemplo, apresenta disparidade tarifária. Na prática, apesar de mais barata, a hotelaria da Turquia ainda não consegue se pagar totalmente.

“O preço médio de um hotel cinco estrelas por noite é de cerca de 70 euros (US$ 80) na Turquia, enquanto na Espanha é de cerca de 200 euros (US$ 226)”, diz.

A inflação no país europeu, vale ressaltar, atingiu o maior nível em 20 anos, chegando a 48,69% em janeiro.

“Temos sérios problemas com o curso de nossos custos. Estamos enfrentando aumentos desenfreados nos gastos com eletricidade, gás e outros produtos”, complementa Narin.