Claudio Cordeiro, diretor de produtos de Hotelaria da TOTVS, elaborou um artigo sobre os impactos do avanço da Inteligência Artificial (IA) no setor hoteleiro, destacando o que gestores hoteleiros podem esperar desta inovação tecnológica. O texto aborda como as novas IA Generativas, como o ChatGPT, já estão transformando a experiência dos hóspedes e as operações dos hotéis. Dentro da temática de tecnologia na hotelaria, a TOTVS também já abordou os impactos da rede 5G no setor.

Confira abaixo o material na íntegra.


Na Vanguarda da Inovação: O Que Esperar dos Avanços da Inteligência Artificial no Setor Hoteleiro?

Por Claudio Cordeiro, Diretor de Produtos de Hotelaria da TOTVS

Desde o início deste ano, a tecnologia tem sido pautada pelas impressionantes capacidades da nova geração de ferramentas de Inteligência Artificial Generativa, como o ChatGPT. Em um cenário tecnológico em constante evolução, todos os setores da economia se questionam: como essas ferramentas em constante desenvolvimento impactarão cada segmento, atividade e processo? Embora o cenário seja dinâmico e não haja certezas definitivas, é inegável que o setor hoteleiro será grandemente influenciado.

Isso não é exatamente uma novidade, considerando que o uso da IA nesse setor vem crescendo há pelo menos uma década, seja para aprimorar a experiência dos hóspedes ou para empregar dados em iniciativas estratégicas. Contudo, agora poderemos testemunhar um impacto mais significativo, principalmente no que diz respeito à mão de obra.

Grandes players do mercado estão atentos a essa questão, incluindo o CEO da Booking, Glenn Fogel. Em um post no LinkedIn, Fogel mencionou que a Booking utiliza diversas ferramentas de IA há anos, visando eliminar dificuldades em todas as etapas de uma viagem. Atualmente, sua equipe explora os melhores usos para a nova geração de Inteligência Artificial. A visão deles é, de certa forma, recriar a interação e o toque pessoal dos tempos dos agentes de viagem tradicionais por meio de tecnologias avançadas.

O uso da IA para oferecer recomendações personalizadas aos viajantes e realizar traduções instantâneas já é uma realidade. No entanto, concordando com a visão de Fogel, vejo que o potencial futuro é muito mais amplo. Pense, por exemplo, em como as IAs podem antecipar problemas em potencial durante uma viagem e intervir com soluções em tempo real. Essa perspectiva é um sonho para os gestores hoteleiros – e para os próprios hóspedes. No entanto, essa realidade ainda não está tão próxima. É necessário um pouco de paciência para compreender e explorar as ferramentas já existentes, entendendo seu funcionamento e suas capacidades atuais.

Do meu ponto de vista, ainda estamos em uma fase de “teste e erro”, já que existem desafios a serem superados para garantir um uso pleno e seguro da IA. Um dos principais obstáculos é, sem dúvida, a qualidade das bases de dados utilizadas por essas soluções. O ChatGPT, por exemplo, baseia-se em dados até 2021. Além disso, as ferramentas de IA ainda não conseguem discernir se uma informação é confiável ou tendenciosa, o que é outra questão crítica.

Também é importante lembrar que muitos hotéis ainda estão atrasados em termos de transformação digital básica, apesar da notável aceleração dos últimos anos. Muitos estabelecimentos ainda utilizam sistemas antigos (alguns nem mesmo têm uma solução de gestão), que não incorporaram os avanços significativos em usabilidade, interface, mobilidade e outros fatores observados na última década. Portanto, é crucial investir primeiro em tecnologias fundamentais para estabelecer as bases que sustentarão inovações como IA, IoT, BI, entre outras.

Apesar das altas expectativas em relação ao uso da Inteligência Artificial na hotelaria, ainda há etapas importantes a serem cumpridas, tanto por parte dos hoteleiros quanto dos desenvolvedores de IA generativa. Este é o momento de separar o hype em torno dessas ferramentas e adotar uma abordagem prática, investindo na infraestrutura que viabilizará todo esse potencial.

Acredito que o setor de turismo e hotelaria tem muito a ganhar com os avanços da Inteligência Artificial. No entanto, também sou realista em relação à velocidade da implantação dessas tecnologias no setor. Agora é o momento de familiarizar-se com a IA e adotar um olhar crítico para compreender suas capacidades e limitações. Uma coisa é certa: vale a pena acompanhar de perto os próximos passos da inovação. Aqueles que não se adiantaram na primeira revolução digital sofreram as consequências, portanto, o bom senso nos diz para não repetir esse erro agora!