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Carnaval de Bezerros (PE) veste tradição e cultura pulsa no ritmo dos Papangus

Cobertos por fantasias, cerca de 700 mil pessoas celebraram a festa dos Papangus

Nem só de Recife (PE) vive o Carnaval de Pernambuco. A verdade é que, por trás da fama, Pernambuco transborda identidade e cultura por todo o estado. De norte a sul, leste a oeste, cada característica se cruza em um ato de coragem, arte enraizada e impulsiona a tradição para o futuro. Hoje, vamos conhecer o Carnaval do Agreste Pernambucano, um dos principais polos de celebração cultural: a terra dos Papangus.

Em Bezerros, o Carnaval é mais do que uma festa; é uma manifestação viva de resistência e transformação. Os Papangus, figuras extraordinárias dessa celebração, nasceram como uma resposta silenciosa à exclusão social, mas se transformaram em um símbolo de alegria e criatividade. Vestidos com máscaras coloridas e trajes brilhantes, eles desfilam pela rua da cidade, com concentração na rua São Sebastião com destino à Praça Centenária, carregando consigo séculos de história e a força de um povo que sabe transformar desafios em arte.

Milhares de pessoas se fantasiam para a aproveitar a festa (foto: Geovana Fraga)
Milhares de pessoas se fantasiam para a aproveitar a festa (foto: Geovana Fraga)

A história dos Papangus começa em um tempo em que a sociedade era dividida entre ‘onde os ricos, cada vez, ficam mais ricos. E os pobres, cada vez, ficam mais pobres’. Enquanto os senhores de engenho realizavam festas luxuosas na época colonial, a população encontrou uma maneira peculiar de ocupar o espaço público para protestar. Na época da escravatura, os banquetes eram exclusivos aos senhores, e os escravos não tinham permissão para participar.

Segundo relatos, essas pessoas se mascaravam com roupas simples e máscaras feitas de coité (um fruto regional) e papéis de embrulhar charque, para não serem reconhecidos ou punidos. Vestidos com essas fantasias, saíam pelas ruas brincando e entravam nas casas pedindo angu de milho, um prato comum na época.

Fantasia, mistério e tradição ditam o carnaval dos Papangus.

Comiam tanto que ficaram conhecidos como ‘papa-angu’, termo que, posteriormente, deu origem ao nome Papangus. Essa prática, inicialmente uma forma de resistência e sobrevivência, evoluiu para uma das mais ricas expressões culturais do Carnaval de Bezerros.

A palavra “Papangu” tem origem indígena e significa “mascarado” ou “disfarçado”. A tradição surgiu quando os trabalhadores rurais, que não tinham condições de comprar fantasias caras, improvisavam máscaras grotescas feitas de papelão, madeira ou tecido, e cobriam seus corpos com roupas velhas e escuras.

Símbolo principal do Papangu, criação de Lula Vassoureiro, o artesão (foto: Geovana Fraga)
Símbolo do Papangu, criação de Lula Vassoureiro, o artesão (foto: Geovana Fraga)

Essas máscaras, muitas vezes assustadoras, eram usadas para esconder a identidade e permitir que as pessoas brincassem o Carnaval de forma anônima, satirizando figuras da sociedade, como políticos, padres e pessoas ricas.

Quando investe, floresce

A cidade recebeu investimentos recordes do governo estadual, em parceria com a prefeitura local, para fortalecer ainda mais sua festa. Eduardo Loyo, presidente da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), destacou a importância de Bezerros não apenas no Carnaval, mas também em outras celebrações, como o São João na Serra Negra, considerado o mais alto do Brasil e do mundo, com mais de mil metros de altitude.

“Bezerros é destaque não só no Carnaval, mas também no São João. É uma cidade que movimenta o Nordeste e o Brasil inteiro”, afirmou Loyo.

Ele ressaltou a união entre o governo de Pernambuco, a prefeitura de Bezerros e deputados estaduais e federais para fomentar os polos turísticos do estado. “É o maior investimento da história do governo do Estado no Carnaval, fomentando nossa cultura. Turismo é base de desenvolvimento econômico, geração de emprego e renda. Cada vez mais que o turismo cresce, mais emprego a gente gera, mais renda distribuída e mais alegria a gente vê nas ruas das pessoas.”

Raquel Lyra, governadora de Pernambuco, também esteve presente e caminhou por toda a rua apreciando as fantasias e destacou a tradição e a singularidade do Carnaval de Bezerros. “É um festival muito tradicional. A gente brinca que é muito parecido com o Carnaval do Recife, mas com um ventinho mais fresco. Quem vem brincar aqui vem com a família completa, vem com tranquilidade”, disse.

Autoridades de Bezerros também aproveitaram o desfile e participaram da festa (foto: Geovana Fraga)
Autoridades de Bezerros também aproveitaram o desfile e participaram da festa (foto: Geovana Fraga)

Ela enfatizou o crescimento do turismo no estado, com a rede hoteleira lotada em todas as regiões, do Litoral ao Sertão. “Nós queremos fazer o turismo em Pernambuco chegar a 10% do PIB. Essa é uma meta nossa, trabalhar para que nosso estado, que tem belezas naturais, riqueza cultural e uma força histórica, possa aumentar seu potencial na economia voltada ao turismo e na economia criativa.”

Raquel Lyra também destacou as riquezas culturais e naturais de Bezerros, como a xilogravura de Jota Borges, que levou Pernambuco para o mundo, e a beleza única da Serra Negra, com seu microclima. “Bezerros é uma cidade peculiar, com uma cultura muito forte. A gente tem aqui a xilogravura de Jota Borges, Lula Vassoureiro, patrimônio vivo da humanidade que criou as máscaras, a beleza da Serra Negra. São riquezas que a gente precisa preservar e manifestar.”

Os bananas de pijamas também entraram na onde e trouxeram nostalgia para jovens há mais tempo

COMO IR

Bezerros fica a aproximadamente 110 km de Recife, e o tempo de viagem pode variar dependendo do trânsito e da rota escolhida. Em condições normais, leva-se cerca de 1h30 a 2 horas para chegar de carro ou ônibus.

Para quem deseja explorar Bezerros e sua cultura de forma mais profunda, contratar um guia de turismo pode ser uma excelente opção. Um guia local oferece conhecimento histórico e cultural, acesso a lugares exclusivos e otimiza o tempo do visitante.

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