Todo ano, neste mesmo período, entre novembro e janeiro do ano seguinte, artigos que falam das tendências do turismo para os próximos 365 dias são os mais procurados. Eles obrigam a nós, consultores e empresários, fazer exaustivos exercícios de pesquisa e reflexão.

É preciso mergulhar em análises econômicas, relatórios de consumo, conversas com empresários não só do setor de viagens, mas de outros segmentos da economia, e, sobretudo, prestar atenção aos sinais – via sexto sentido – que estão no ar, mas não necessariamente compreensíveis. No caso do Brasil, o grave cenário econômico e as eleições do ano que vem sugerem um 2022 atípico, menos alinhado às tendências internacionais.

A irresponsabilidade fiscal do governo com medidas populistas visando a reeleição trará, certamente, ainda mais instabilidade econômica. O cenário de baixíssimo crescimento atrelado a inflação poderá dificultar a retomada do turismo junto à classe média. Do mesmo modo, deve promover retração nos investimentos, inclusive hoteleiros.

Não é função de um(a) presidente e ou de um(a) governador(a) ser xerife de corrupção ou de costumes. Nele(a) são depositados a confiança de trazer prosperidade para a nação e melhor administração dos recursos públicos. Pode parecer óbvio, mas se as propostas econômicas não estiverem muito claras para quem lidera as pesquisas, a insegurança política fará a economia patinar até novembro do próximo ano.

Justamente por isso, é hora de o turismo apostar em produtos tradicionais. Mesmo o turismo de luxo deverá priorizar destinos que são mais conhecidos do grande público. Não é um ano para grandes novidades, destinos exóticos e excentricidades. Europa, América do Norte e Caribe são apostas certas. Ásia apenas para negócios ou para o nicho espiritualista. E, claro, mais oportunidades para o turismo doméstico. Nesse caso, a fórmula se repete: grandes capitais e destinos já consagrados e de fácil acesso.

Além disso, o tal do bleisure, que muitos falam ser novidade, mas que já é uma prática existente há pelo menos uma década, ganha maior relevância, já que economizar é a palavra do ano e nada mais sedutor que passar o final de semana no destino em que se trabalhou.

que se trabalhou. Como já dizia em artigos em 2020, a aposta que a vacinação em massa seria a saída para a crise sanitária se concretizou. Salvo se surgir alguma variante muito perigosa – o que é muito improvável – os dados apontam que caminhamos para o mundo pós-pandemia.

Mais do que nunca, empresários do setor, inclusive os microempreendedores, deverão investir em tecnologia. Não apenas para distribuição e vendas, mas também nas operações. Otimização de recursos e ganhos de escala serão fundamentais para a sobrevivência das empresas.

Não haverá mais como fugir dos big datas. São eles que garantem a personalização das experiências com custos reduzidos. As grandes plataformas de reservas abocanharão mais mercado. Será preciso observar com atenção a briga entre os tradicionais marketplaces e OTAs.

No caso da comunicação, o marketing de influência ganha mais peso, embora a seleção darwiniana dos influenciadores digitais fique mais implacável. A maior parte dos nomes que eram convidados para presstrips nos últimos anos entraram na black list pela entrega mequetrefe. É a volta triunfal dos veículos mais tradicionais, agora com portais melhor consolidados.

Se nos anos 2000 os blogs empresariais eram aposta, os sites e redes sociais das empresas repletos de conteúdo relevante e interessante para os consumidores passa a ser a principal ferramenta de awareness e relacionamento.