A Petrobras anunciou o aumento em torno de 18% no preço do querosene de aviação (QAV), dependendo da refinaria, na sexta-feira (1º). No período de 1º de janeiro a 1º de março, o valor do combustível dos aviões acumula alta de cerca de 38%, segundo dados da empresa.

Apesar da flutuação do dólar, que poderia influenciar os valores das passagens para baixo, o impacto causado pela guerra entre Ucrânia e Rússia foi ainda maior. No acumulado para 2021, o preço médio do combustível dos aviões registrou alta de 91,9%, em comparação com 2020.

O QAV é o item de maior ineficiência econômica para as companhias aéreas brasileiras e responde por mais de um terço dos custos do setor, que por sua vez têm uma parcela de mais de 50% indexada ao dólar.

A cotação da moeda norte-americana encerrou o ano passado no patamar de R$ 5,58, sendo que em meados de 2014 o valor estava em R$ 2,35. O Brasil é o único país do mundo que tem um tributo regional sobre o QAV, o ICMS.

As empresas estrangeiras, por sua vez, não pagam esse imposto para abastecer em território nacional. É por isso que uma viagem internacional muitas vezes é mais barata do que um voo doméstico, considerando-se distâncias similares.

“Esses dados da Petrobras mostram como o preço do QAV é um desafio permanente para as empresas aéreas e comprovam que esse combustível deveria ter tratamento de política pública, pois antes da pandemia transportávamos mais de 100 milhões de passageiros por ano”, afirmou Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.

“Agora, a guerra na Ucrânia acelerou a pressão sobre o valor do combustível, o que pode frear a retomada da operação aérea que estávamos observando a cada mês. Permanecemos firmes no setor enfrentando diariamente o Custo Brasil”, concluiu.

Eduardo Sanovicz (Abear)
Eduardo Sanovicz, presidente da Abear